O Pentágono divulgou ontem cinco vídeos de Osama bin Laden encontrados na casa onde ele vivia no Paquistão até ser morto em uma ação militar americana na semana passada. Ao divulgar o material, o governo dos Estados Unidos indicou que o saudita ainda estava no comando da rede terrorista Al-Qaeda, não sendo apenas uma figura simbólica como muitos o descreviam nos últimos anos.
"O material coletado no complexo da cidade de Abbottabad claramente demonstra que Bin Laden continuava sendo um líder ativo da Al-Qaeda, dando instruções estratégicas, operacionais e táticas para o grupo. Ele estava longe de ser irrelevante. Isso deixa claro que a recente operação foi essencial para a segurança nacional", disse uma autoridade do serviço de inteligência em comunicado oficial para divulgar os vídeos.
São cinco cenas ao todo. Cada uma dura poucos segundos. A mais impressionante delas mostra Bin Laden sentado no chão, enquanto observa a sua própria imagem em uma pequena TV, dentro de um quarto humilde, com fios nas paredes.
O saudita, vestindo um gorro e envolvido em um cobertor, segurava o controle remoto com a mão direita, enquanto acariciava a barba, já um pouco grisalha, com a mão esquerda.
Nas outras quatro cenas, Bin Laden aparece ensaiando para vídeos que seriam divulgados pela Al-Qaeda. Em uma delas, o líder da rede terrorista aparece recebendo algumas instruções.
O governo dos EUA optou por não colocar o som, temendo que sua mensagem seja usada como propaganda pela rede terrorista. No entanto, um membro do serviço de inteligência disse que era "uma mensagem para o povo americano na qual ele repete temas usuais de condenação da política externa americana e contra o capitalismo".
Estratégia. A decisão de divulgar estes vídeos, segundo disse o especialista em terrorismo Peter Bergen, na rede de TV CNN, foi tentar enfraquecer a imagem de guerreiro do saudita. "Sem dúvida estas imagens se transformarão em ícones", disse ontem o analista.
Segundo o serviço de inteligência dos EUA, Bin Laden era tão preocupado com a própria aparência "que chegou a tingir o cabelo e a barba de preto" para não mostrar que estava envelhecendo. Não estão claros os motivos para o saudita guardar estes vídeos.
A decisão do governo americano de divulgar as imagens busca reduzir mais uma vez as dúvidas de que Bin Laden tenha morrido, apesar de a própria Al-Qaeda ter admitido a morte anteontem. As fotos do líder terrorista morto não foram exibidas pelo governo americano. O corpo do saudita foi jogado no Mar da Arábia menos de 24 horas depois da ação dos Seals - equipe de elite que conduziu a operação - contra o seu complexo no Paquistão.
Analistas diziam ontem que a quantidade de documentos encontrada fortalece o presidente dos EUA, Barack Obama, que optou por uma operação arriscada, enviando os Seals para matar Bin Laden, em vez de bombardear o complexo. Graças a esta medida, os americanos tiveram acesso a informações importantes sobre a rede terrorista liderada por Bin Laden.
Entre os documentos encontrados na ação militar, estão planos para realizar atentado contra o sistema ferroviário dos Estados Unidos no aniversário de dez anos do 11 de Setembro. Não há detalhes sobre como seria este ataque.
Centenas de dados encontrados ainda estão sendo analisados pelo serviço de inteligência americano. Estas informações são consideradas uma surpresa para analistas que consideravam Bin Laden apenas uma espécie líder simbólico da Al-Qaeda, sem um papel ativo na organização de ataques terroristas.
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