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E finalmente saiu o resultado! Depois de meses com a mídia voltada para a campanha e jogadores entrando em campo com faixas de Rio 2016, a cidade foi escolhida oficialmente como sede para os jogos olímpicos da data. Numa disputa que mais pareceu ter sido vencida pelo cansaço (afinal quem acompanhou o Lula implorando um milhão de vezes para que o Brasil levasse, sabe), chega a hora de concluir, por detalhes, se realmente valeu e valerá a pena.
Acredito que toda essa questão de sediar as olimpíadas deva ser dividida em dois estágios. Antes e depois da eleição. Isso por que temos dois momentos distintos, aquele em que torcemos contra ou a favor da realização dos jogos e aquele em que nos contentamos ou vibramos após o resultado (se quiser incluir “nos revoltamos” também pode, mas por favor, não sequestrem a vara da Murer ou os cubanos)
Tendo isso em vista, devo admitir: eu não torci para o Rio ser a sede dos jogos. Isso por uma combinação de fatores complexos, que incluem o atual momento da nação brasileira (leia-se também o atual governo), os motivos que levaram ao interesse político e as consequências negativas de todo o processo. Contudo, observador que me orgulho em ser, sempre soube que, qualquer fosse o resultado, ganharíamos por um lado e perderíamos por outro. Logo, agora que o Rio conseguiu a conquista, submeto-me às alegrias de saber dos fatores positivos que o evento trará para a cidade (minha casa, por sinal), mas fico triste em saber do outro lado.
Por que eu fui contra:
Como meus leitores já sabem, eu sou um crítico eterno do populismo, que é a tática governamental que consiste em oferecer pão e circo para uma população subdesenvolvida. Infelizmente, nunca na história desse país tivemos um governo tão ligado à tal prática. Os interesses políticos em conquistar os jogos olímpicos não são baseados apenas em “business”, mas essencialmente em fazer o povo bater palmas em frente à sua TV de 14 polegadas comprada a prestações com o dinheiro do Bolsa-Família. Uma situação caótica brilhantemente mascarada, dando falsa alegria para aqueles que precisam de educação e oportunidade. Ou seria coincidência que, no governo mais populista da história, foi instaurado o maior programa de assistencialismo visto no mundo e, no mesmo período, conquistamos sediar o Pan-Americano, Copa do Mundo e Olimpíadas?
Deixa-me um tanto quanto triste ver tamanha tentativa governamental em realizar os tais jogos, sendo o Brasil um país com carências monstruosas de investimento em quase todos os princípios básicos para o ser humano. Para as classes menos favorecidas não temos educação, saúde e, ora que irônico, esportes. Há pouco vimos o sofrimento de Jade Barbosa e Diego Hipólito por não terem o mínimo incentivo para continuarem como atletas. Estamos falando aqui de dois dos maiores ginastas da história do país, imaginemos então o que acontece nos segmentos de outros esportes com atletas que não atingiram o sucesso. Porém, mesmo não tendo a mínima infra-estrutura social, o Brasil se dispõe a sediar o maior evento esportivo do planeta.
Outro ponto principal que precisa ser abordado é, logicamente, o desvio de verba. Alguém lembra do investimento calculado como base para realização dos jogos Pan-Americanos? Apenas 400 milhões. Porém, no fim, foram gastos quase 4 bilhões de reais. Para a Copa do Mundo de 2014, já lançaram o disparate de dizer que, só para reformar o Maracanã, serão necessários 400 milhões de reais (o que, na realidade, podemos calcular que chegará a pelo menos 600). A história já nos mostra o exemplo de desvio de verba, basta lembrarmos do Engenhão, o estádio mais moderno da América Latina, que foi construído do zero por 280 milhões (e já foi um orçamento super faturado). É mesmo vergonhoso. Com todos os bilhões rodando para lá e para cá com os jogos olímpicos, evento muito maior que a Copa, já podemos nos desesperar com a quantidade de dinheiro escoando para os paraísos fiscais.
Para finalizar, outro fator que muito me incomoda é ver o que acontece após a finalização do evento. Bilhões são gastos em obras gigantescas e, em seguida, tudo é abandonado. O exemplo disso é a Arena Multiuso e o Parque Aquático Maria Lenk, ambos construídos para o Pan-Americano e hoje são verdadeiros lares de moscas. O que dizer também do próprio Engenhão, entregue ao Botafogo absolutamente de graça, depois de tamanho investimento público? É realmente revoltante como falta organização e decência por parte dos políticos, que poderiam utilizar os espaços para investir nos esportes e incentivar atletas nacionais.
Como ficou nítido, os motivos que me levaram a não torcer pelo Rio para sediar os jogos olímpicos são puramente políticos, baseados na corja fétida que comanda este país e nos interesses que levam estes parlapatões a querer ludibriar o povo brasileiro. Contudo, não dá para se ter uma visão unilateral do processo. Uma vez que os jogos olímpicos já foram confirmados no Rio, resta lamentar pelo lado negativo (listado acima), mas comemorar pelos pontos positivos que esse tipo de evento traz para a cidade.
Por que agora eu apóio:
Muito simples, um evento dessa magnitude, tirando toda a merdalhada política bagunça que acontece, traz muita coisa positiva para o local. A principal delas é a exposição da cidade para o mundo, mostrando a capacidade de organizar eventos e receber empresários e turistas. Há um incentivo muito forte para o investimento de capital estrangeiro e, como citado, ao turismo, o que traz cada vez mais dinheiro. Para poder conciliar com isso, temos por consequência a modernização da cidade, que recebe mais construções de última geração. Isso desencadeia em geração de empregos, o que também é um ponto positivo. A economia acelera, principalmente com os investimentos nas áreas de infra-estrutura, tecnologia e segurança.
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Ainda mais importante, abre margem para eu receber um super presente da Olympikus:
Não, mentira, isso não é ponto positivo pro evento (só pra mim), mas um presentão desses eu precisava mostrar pra galera.
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Obviamente, também temos os agrados sociais, que têm seu aspecto de aprendizado, como a convivência do povo brasileiro com culturas estrangeiras, além da alegria de poder ver os atletas de perto e dar mais valor para aqueles que não recebem cobertura da Rede Globo. Com isso, incentivamos também o povo brasileiro a se interessar por outros esportes esquecidos pela mídia.
Contudo, sempre ficaremos com o pensamento: quem dera fossem esses os motivos reais para o interesse político.
Não se deixem manipular pelo populismo. Aplaudam somente os atletas.
Dissertem.