Letargia Política.

Estudando Marx, me deparo com sua Teoria da Alienação, na qual ele cita os 3 tipos de alienação que o sujeito - proletariado, vendendores da força de trabalho - sofrem. A alienação economica (não ter poder sobre as riquezas que produzem, vemos isso pelo conceito do mais valia, onde o excedente produzido vai diretamente para a mão do burguês e foge das mãos do trabalhador), a alienação ontológica e a política.

Não estou aqui para falar de Marx, e sim da política. A maior parte da população espera 2 anos, vai votar. Volta para a casa, dorme. Depois de 2 anos, vai voltar. Volta para a casa, dorme. E essa é a participação política do povo. E, como se não bastasse essa letargia extrema, ainda votam errado e/ou não se preocupam com o próprio voto (já vi gente decidindo em quem votar na hora) e, no ÚNICO LAPSO DE PARTICIPAÇÃO POLÍTICA POSSÍVEL, elegem Tiririca e Sarney (que deve ter cargo vitalício no governo já).
Quer dizer, qual a causa disso?

Fiquei pensando se a nossa população é alienada políticamente por causa própria ou por influências externas, por culpa do próprio Estado que procura absorver em sua cúpula viciada apenas uma minoria de incapazes e não dá abertura de participação para o povo.

"Ah, mas olhe o projeto Ficha Limpa, veio do povo". Sim, mas olha só, para isso foi necessário "só" 1 milhão de assinaturas mais algum deputado que acate o projeto e mais uma série de barreiras até que se concretize. E, no caso da Ficha Limpa, tudo isso ocorreu e o projeto não foi acatado para as eleições passadas por alegarem inconstitucionalidade, mesmo vindo do povo. E é provável que alguém ira recursar contra e esse projeto vá para o beleleu.

E aí, será mesmo que o poder emana do povo?
Será que a letargia/ignorância/alienação/bunda-molisse política é culpa do povo ou do Estado?

Discutam.

Cara, com certeza a culpa é mais do povo. Quer um exemplo? A boca de urna. Cara, deve ser difícil acreditar, mas há gente que vota mesmo nas pessoas que fazem boca de urna, senão ninguém praticaria isso. É apenas um dos exemplos que mostram a imbecilidade do povo. Claro, também há o dedo no estado nisso. Só ver, a nossa política é puro pão e circo. Sendo o pão o Bolsa Família e o circo coisas como copa do mundo, olimpíadas, shows financiados pelo estado, etc. Com a pura intenção de manter o povo distraído e alienado. Pode ver cara, enquanto a saúde e a educação é isso o que você vê atualmente, um lixo.

Eu adoraria escrever muito mais coisa, mas agora eu posso usar a desculpa de que está de madrugada e que portanto estou com sono para não escrever tanto como gostaria.

Mas já deu para entender bem o meu pensamento né?

Putz, um post com assunto extremamente interessante e ficou parado por tempo em demasia com um único post do Ponches.

Estamos em um ciclo vicioso. Somos um povo assim devido a educação política ou a falta dela o que conseqüentemente influi nos votos que por sua vez faz os políticos que forçam que o povo continue na mesma.

E assim vai até uma mudança. O pais evolui, mas se mantêm preso as rédeas da elite. Talvez isso seja pelo fato do Brasil não ter passado por situações que fizeram povos Europeus amadurecerem e aprenderem o valor de cada coisa. Até na hora da independência faltou o pulso do povo.

Falto à adolescência para o Brasil. E com isso o Brasil nunca será um país sério, enquanto não houver uma revolução clara. O que é difícil já que o povo é pacato. Até quando insatisfeito ele deixa para lá.

Não diria que é o povo em si. Assim como o wing disse, falta educação político, em termos de participação. Mas não sejamos ingênuos, eu não acredito em conscientização. Obter informação é custoso e há também a incerteza quanto a qualidade dos políticos a serem escolhidos, nesse sentido, é crível pensar que os indivíduos vão realmente arcar com os custos da informação e a incerteza sendo que o resultado de seu voto influenciará pouco no resultado final?

Sem mecanismos eficazes de participação dificilmente as pessoas vão pensar melhor nessas coisas. Temos um Estado enorme, o método de cobrança é o voto e a fiscalização se dá, principalmente, através de meios de comunicação oligopolizados, dá pra esperar algo diferente?

Quanto a tentativa de mudar isso, acho que espaços de participação como o orçamento participativo de porto alegre parecem promissores, quem sabe? Em complemento a isso, também penso que seria benéfico fazer com que as pessoas dependam menos do governo. Quando digo isso, é em termos de fortalecer o mercado no sentido de criar um ambiente mais atrativo para as pessoas, a fim de diminuir o número de pessoas querendo 'mamar nas CARALHÕES CÓSMICOS do governo'.

A alienação política é a coisa mais triste do Brasil. Enquanto o brasileiro não souber votar, as mudanças serão lentas. Políticos reconhecidamente corruptos, procurados até pela Interpol, e livres da prisão apenas devido à imunidade de jurisdição oriunda de um cargo eletivo, como o Maluf, ainda são massivamente votados e eleitos. Como o Wing falou, é um círculo vicioso. Mas tenho observado uma melhora, lenta, mas acontecendo.

E quanto à sua indagação, sim, o Poder realmente emana do Povo, mas nos limites estabelecidos pela Constituição e pela legislação infra-constitucional. Se a maioria da população achar que devemos dizimar os orientais, por exemplo, isso não pode ser permitido pelo Estado. Da mesma forma, se o Povo desejar revogar o Código Penal e toda legislação referente aos crimes para que cada um possa fazer o que quiser, o Estado não pode permitir, ainda que seja vontade de 70% da população. Por isso o Ficha Limpa ainda não valeu ano passado... alguns ministros do STF (6 de 11) acreditaram violar um dispostivo constitucional, e por isso ainda não poderia ser aplicada naquele ano, mas apenas na próxima eleição.

E a culpa da alienação política é claramente do Estado. Culturalmente, o brasileiro não é preocupado com este tão importante aspecto, e por isso é papel do Estado, que tem poder e recursos, tornar isso realidade. Ano passado, em um comício doméstico, eu pedi a um então candidato a deputado federal, que caso eleito (ele foi, felizmente), que apresentasse projeto de lei tornando obrigatória no Ensino Média matéria destinada à educação cívica dos jovens, permitindo que estes estejam a par de saber o que fazem e qual a importância de cada cargo político eletivo, para que então se importassem mais com a escolha de seu candidato e filtrassem apenas o políticos bons, deixando os ruins e corruptos carentes de votos.